Era
um dia lindo de sol. Reunião de família. Casa cheia. Tudo contribuía para que
André ganhasse mais confiança ao conhecer os pais de Kátia naquele almoço de
domingo. Dona Solange, mãe de Kátia, era uma cozinheira de mão cheia, elogiadíssima
pelo marido Paulo, que por sua vez, recomendou à esposa que preparasse um prato
especial em homenagem ao novo namorado da filha do casal: um delicioso bobó de
camarão.
Todos, já à mesa, aguardavam ansiosos e eufóricos o
almoço surpresa com água na boca, fiados na excelência culinária de dona
Solange, cozinheira de mão cheia. Estaria tudo perfeito se não fosse o prato
principal. André era alérgico a camarão. E como o namoro era recente, Kátia
ignorava completamente o fato. Além disso, ele era conhecido pelos amigos por
ser um rapaz simpático, prestativo, sorridente, amigo de todos e que não sabia
dizer não.
Finalmente, pousava sobre a mesa em bandeja de prata,
como que descido dos céus, o fino manjar. André, ao se deparar com a iguaria,
esboçou em silêncio um leve e pálido sorriso enquanto a sogra lhe dizia: -
André, fiz este bobó de camarão especialmente para você. Enquanto todos se
deliciavam e suspiravam pela delícia, dona Solange insistia: - Coma mais André,
coma mais. André que não sabia dizer não, suando após o terceiro prato, acabou
sendo internado no Hospital das Clínicas com intoxicação.
Eu criei essa história só para ilustrar os problemas
decorrentes em nossa vida, quando não aprendemos a dizer não. Dizer sim para
tudo e todos é colocar a necessidade dos outros acima das suas; é desrespeitar
seus próprios limites; é aceitar tudo goela abaixo para satisfazer a
necessidade do outro. Geralmente, as pessoas fazem isso por medo de desagradar
a alguém, medo de gerar conflitos, medo de como vai ficar a sua imagem diante
de “fulano ou cicrano”, medo sobre a opinião alheia do tipo “o que irão pensar de mim”.
Não tenha medo. Respeite os seus limites. Aprenda a
negociar na medida do possível. Aprenda a dizer não quando for necessário. Caso
contrário, você poderá passar por maus bocados e adoecer para satisfazer os
desejos dos outros.
Sérgio Fonseca