Não tenho a menor pretensão de que este
seja um texto brilhante ou genial. Desejo apenas que seja uma singela homenagem
a todas as mulheres neste dia 08 de março de 2013: Dia Internacional da Mulher.
Desejo também que ajude aos meus pares, os machos de plantão, a construírem um
novo olhar para as mulheres que estão a nossa volta cotidianamente, ou que
fazem parte de forma mais íntima de nossa vida.
Eu poderia iniciar minha argumentação introdutória
do lugar comum. Por exemplo, falar das 130 operárias que morreram num incêndio criminoso
em 1857 na cidade de Nova Yorque lutando por seus direitos; ou talvez, citando
a nossa presidenta Dilma Rousseff, dizendo que as mulheres de hoje estão
ocupando o seu espaço numa sociedade machista; ou quem sabe ainda, citar nomes
de mulheres famosas nacional e internacionalmente para inflar o ego feminino. Seriam
algumas possibilidades. Porém, abro mão de todas essas formas argumentativas
para focar o meu discurso na “mulher gostosa”.
Este ano a data comemorativa do Dia Internacional da Mulher caiu exatamente quatro dias após o carnaval. Época em que o corpo feminino está
a amostra nas ruas, nos desfiles das escolas de samba, nos jornais, revistas e
programas de TV. E não pensem que a partir daqui eu vá tecer um discurso
moralista sobre a nudez feminina ou algo do gênero. Não é esta a minha intenção.
Quero apenas compartilhar com os meus pares, um olhar mais sensível em relação
as mulheres que fazem parte da nossa vida. Vamos ao que interessa?
Há uma música do Zeca Baleiro, Turbinada, que diz: “Ela fez dezessete pequenos reparos... Extraiu as rugas e pés-de-galinha...
Ela botou botox, sorriso inox... Que eu paguei em doze suaves prestações... 250
ml de silicone em cada peito... Ficaram no jeito, dois belos melões... Tirou um
par de indesejáveis costelas... Ficou com a cintura fina, cinturinha de
pilão... Malha como louca, não marca touca... Ela tá sarada, turbinada,
processada, envenenada, ela ficou uma máquina... Mas tudo que eu queria, tudo
que eu queria mesmo... era uma mulher”. Quero deixar bem claro aqui, com
todo respeito, que também aprecio um belo corpo feminino. Agora... mulher
gostosa está muito, pra muito além da casca! Já que citei o Baleiro, cito agora
Lenine: “O corpo pede um pouco mais de
alma”!
Vivemos numa sociedade de consumo e numa
cultura caracterizada pelo descartável. Pensamento este que influência os relacionamentos
homem e mulher. Nesta perspectiva, nos deparamos com o homem e o seu “instinto
predador”: doido para devorar, consumir e descartar a sua presa: a “mulher gostosa”.
E não pensemos que não haja “mulheres predadoras” soltas por aí. Mas esse papo
fica para depois. O que desejo destacar com o que tenho dito até o momento, é
que na maioria das vezes esse tipo de relacionamento se dá de uma forma
esvaziada de vínculos afetivos. Ou seja, algo que pode gerar um prazer imediato,
seguido de um vazio insustentável, que dói na alma. A primeira, segunda ou
terceira vez é possível que nem gere dor e sofrimento. Contudo, ninguém passa
de cama em cama impunemente. No fundo, homens e mulheres desejam ser amados por
alguém.
Eu dei uma volta para falar da “mulher
gostosa”... Voltemos à ela. A pouco tempo ouvi uma jovem mulher me dizer que
ela não queria ser vista como um “pedaço de carne”, como aconteceu em certa
ocasião. E na verdade, boa parte do universo masculino, não consegue enxergar a
mulher na sua plenitude, mas apenas uma figura dotada de bunda e seios. Homem é
bicho bobo: vive boa parte da sua vida a procura da “mulher gostosa”. Por outro
lado, algumas mulheres se transformam numa “máquina turbinada” para ser o objeto
de desejo e encantamento do “predador”: que usa e descarta na maioria das vezes.
Creio que nós homens precisamos rever
nossos valores e conceitos para escolhermos a mulher ao invés da máquina.
Escolher a mulher significa valorizá-la como um todo. Isso me fez lembrar agora
do Mel Gibson, no filme “Do Que As
Mulheres Gostam”. Precisamos aprender a ouvir um pouco mais as mulheres.
Ser uma “mulher gostosa” não tem a ver necessariamente
em ter um corpo perfeito. Existem “mulheres gostosas” de vários tipos: altas,
baixas; magrinhas, gordinhas; loiras, ruivas, negras, brancas e morenas; mais
novas, mais velhas, enfim... Para ser gostosa, em primeiro lugar é preciso
saber-se mulher e ter consciência de si: Saber da sua feminilidade; saber da
sua potencialidade; apostar nas suas qualidades; saber lidar com sua força e
ternura; seu companheirismo e parceria; deixar aflorar seu bom humor; aprender a
dizer o que deseja; desencanar um pouco mais quanto ao corpo; saber que a
medida em que envelhece pode sim continuar sendo gostosa e sensual; cultivar o
desejo de se enfeitar, cuidar de si e estar bonita; colocar um sorrisão no
rosto e ir para a vida. Mulher gostosa é aquela que em primeiro lugar tá de bem
consigo e com a vida. E cá pra nós... Uma mulher assim, que aprende a gostar de
si fica muito mais confiante, gostosa, bonita e sensual.
Feliz Dia Internacional da Mulher!!!
Sérgio Fonseca