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Nosso objetivo neste espaço virtual é refletir sobre o comportamento humano no dia a dia. Para isso, utilizamos a força da palavra através de poesias, crônicas, vídeos e áudios. Pode entrar e ficar a vontade: A casa é sua!







quinta-feira, 20 de março de 2014

CANTO À LIBERDADE


CANTO À LIBERDADE

Que eles tentem...

Os meus olhos,
ceguem;
a língua,
cortem;
a boca,
amordacem;
as narinas,
tapem;
a garganta,
sufoquem;
os pulsos,
algemem;
a consciência,
dopem;
minha poesia,
rasguem;
meu corpo,
acorrentem;
e nas profundezas
do mar, me lancem...
Sou livre!
A liberdade
habita em mim.

Por isso,
eles temem!

Sérgio Fonseca

terça-feira, 18 de março de 2014

DEUS DO ESQUISITO


DEUS DO ESQUISITO

As vezes sinto
um vazio no peito,
um silêncio
embolado na garganta,
algumas palavras
a serem cuspidas,
uma sensação
esquisita de que
a vida passa
devagar, aflita e
cheia de interrogações.

Você
já se sentiu assim?

A vida passando
como se me espreitasse
por trás de um véu...
Uma burca com milhares
de olhos escondidos,
me interrogando
coisas que eu não sei
e nem quero saber.
Vai entender...
Sou um sujeito esquisito.

Ao que me parece
estou só no mundo.
Quem sabe de mim?
Ninguém!
Quem sabe de mim?
Só eu!
Quem sabe de mim? 
Eu, só!
Quem sabe de mim?
Só Deus!

Só Deus
sabe de mim.

Sérgio Fonseca


VORAZ


VORAZ

Quero hoje,
quero agora,
quero sempre,
te quero com
urgência indecente!

O gosto
do seu beijo,
suas vontades e desejos,
suas caras e bocas,
sua fome de louca
a me cravar os dentes!

Te quero
na cama dura,
na carne crua,
na pele nua e suada...
Te quero encharcada de mim!

Sérgio Fonseca


RAIO DE SOL


RAIO DE SOL

Hoje
pela manhã
o sol
me sorriu.
Surpreendeu-me
na primeira
curva a direita.
Tanta
claridade
assim,
nas retinas,
e por dentro
de mim,
nunca vi.

Raio
de sol.
Coisa
de acender,
incendiar,
suar,
arder.
Sol
que de
tão lindo,
dá vontade
de comer.

Sérgio Fonseca

quinta-feira, 13 de março de 2014

MULHER PASSARINHO


MULHER PASSARINHO

Ela estava cheia de vontades.
Vontade de pé no chão, cheiro de mato,
banho de rio e água de moringa.

Sentir na boca o gosto doce das
jabuticabas colhidas do pé.

Um “bom dia compadre” pra lá,
um “bom dia comadre” pra cá...
Vida sem pressa de cidade grande.

Só não queria passar o resto da vida
“brilhando o chão” e areando as panelas.

Queria mais, muito mais,
porque sabia que podia voar!

Sérgio Fonseca

quarta-feira, 12 de março de 2014

FAÇO DE TUDO


FAÇO DE TUDO

Eu me joguei de cabeça,
saltei de um bungee jumping.
Meu bem, você é punk!
E eu em queda livre correndo
o risco de me esborrachar.

Atravessei o deserto do Saara
ida e volta sem camelo.
Meu bem, eu perdi os meus cabelos...
Sem lenço, sem documento
e sem protetor solar.

Despenquei das Cataratas do Niágara.
Comprei dez caixas de Viagra...
Meu bem, faço de tudo
pra você não reclamar.

Já cortei uma orelha
e pintei o meu auto-retrato.
Meu bem, eu tô curtindo este barato...
A qualquer hora a fama e a grana vão chegar.

Vou tirar onda de Donald Trump.
Só me falta o trampo
que me remunere dignamente.
No momento estou roendo o osso,
tentando não quebrar os dentes.

Faço de tudo pra tentar te impressionar!

Sérgio Fonseca

terça-feira, 11 de março de 2014

MAÇÃ VERDE


MAÇÃ VERDE

Ali estava o menino de quatro anos
debruçado sobre o leito do avô.
O menino, o silêncio e a vida,
de malas prontas, querendo partir apressada.

Sem compreender quase nada de despedidas,
o pequeno tentava desfazer as malas a base de
água fresca, maçãs verdes e biscoitos de maizena.

Casa pobre, cama simples, lençol de chita e o gozo
do conforto da presença significativa de quem se ama.
Entre eles poucas palavras. Não havia muito mais a ser dito.

A riqueza daquele momento estava contida
em cada gesto, em cada afago e na ternura do olhar;
estava na cumplicidade da troca de sorrisos entre eles.

Ninguém compreende muito bem a vida
quer seja aos quatro, aos quarenta ou aos cem anos.
Só nos resta a certeza de que
a vida é breve como o sabor das maçãs.

Após uma maçã verde e uns biscoitos de maizena,
o avô pediu um copo de água fresca ao menino:
Tomou com gosto, sorriu para o neto e partiu feliz!

Sérgio Fonseca


sábado, 1 de março de 2014

MACACO VELHO

MACACO VELHO

Mulher de três amores
e diz que não faz mal a ninguém.
Cada qual tem suas cores,
chama a todos os três de meu bem.

Ela me pergunta se é normal
essa fome que não cessa.
Sem um deles diz que passa mal
e nada mais na vida lhe interessa.

Diz que vai ampliar o seu negócio.
Anda pensando em abrir outra filial.
Me propôs sociedade,
mas eu não arrisco o capital.

Cheia de chamego,
me chama de meu nego,
meu dengo, meu docinho...
Macaco velho não paga mico:
De galho em galho sai no sapatinho.

Sérgio Fonseca