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Nosso objetivo neste espaço virtual é refletir sobre o comportamento humano no dia a dia. Para isso, utilizamos a força da palavra através de poesias, crônicas, vídeos e áudios. Pode entrar e ficar a vontade: A casa é sua!







segunda-feira, 17 de junho de 2013

DO CÉU AO CHÃO

DO CÉU AO CHÃO
 
Amanheceu um dia lindo!
Nem mesmo o tempo nublado
roubava a beleza daquela manhã.
Tudo era perfeito, quase um sonho:
Caminhava nas nuvens.
 
De repente, num click,
sentiu um frio crescente na barriga e
um enorme vazio no peito.
Perdeu o ar. Gelou. Tremeu.
Temeu a morte pela primeira vez.
 
E o que fazer com todas
aquelas palavras?
Engoliu-as a seco,
com lágrimas nos olhos.
E o que fazer com as palavras
Que não foram ditas?
Emudeceu.
 
Despencou do sétimo céu,
sobre o duro asfalto da realidade.
Era um corpo inerte, sem reflexos,
sangrando na Avenida Brasil
traspassada por milhares de veículos.
 
Partiu em silêncio.
Sem velório, sem flores,
Sem sequer um beijo de despedida.
Partiu sem que ninguém desse conta.
 
Sérgio Fonseca

quarta-feira, 12 de junho de 2013

POEMA TRISTE

 
POEMA TRISTE
Veio ao mundo por pura teimosia.
Nasceu num subúrbio
do Rio de Janeiro,
mas poderia ter nascido
em qualquer cidadezinha
do sertão pernambucano
onde o solo é rachado,
a paisagem é um vazio,
o céu não dá chuva,
a vegetação é composta por galhos secos
e o lugar de tudo carece.
 
A mulher que o pariu,
ao contrário de todas as gestantes,
foi perdendo peso e secando
de desgosto, amargura e desespero
pela chegada do menino que
não ousava chamar de filho.
 
Quando Cândido nasceu,
a parteira colocou-o junto
ao peito da mulher.
Ela olhou para a criança
com um ar de indiferença
e virou a cara pra parede.
Já havia feito sete abortos 
através dos mais variados métodos,
ensinados por amigas de farra.
 
Nunca quis ser mãe.
Mas após uma corrida frenética entre
milhares de espermatozóides
de um sujeito desconhecido,
o moleque veio ao mundo.
O filho lhe nasceu por teimosia:
Uma espécie de afronta do destino.
 
A mulher, propositalmente,
não tinha uma gota de leite
no bico do peito para amamentar.
Se bem que pra ela tanto fazia
dar leite ou água ao menino,
já que este não era fruto do seu desejo.
Uma vizinha, compadecida,
serviu de mãe de leite e deu de si
pra salvar a vida do garoto.
 
Cândido
foi crescendo mirrado, mirradinho...
Não por falta de comida:
Mas por falta de
atenção, carinho e amor de mãe.
 
Sérgio Fonseca