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Nosso objetivo neste espaço virtual é refletir sobre o comportamento humano no dia a dia. Para isso, utilizamos a força da palavra através de poesias, crônicas, vídeos e áudios. Pode entrar e ficar a vontade: A casa é sua!







domingo, 14 de abril de 2013

PALAVRAS MORTAS


PALAVRAS MORTAS

Palavras.
Aos montes,
montanhas,
exércitos delas
enfileiravam o horizonte
do meu coração.
Em cada uma delas
cravei um punhal de prata:
Sem clemência, sem perdão.

Palavras.
Eram milhares
enchendo-me a boca,
saltitando na língua
como em cama elástica.
Afoguei-as em saliva.
Nelas cravei os dentes:
Mastiguei, engoli,
degluti, excretei.

Palavras.
Turbilhões delas na mente,
percorrendo caminhos
insólitos, desconhecidos, complexos.
Conexões neuronais, memórias,
afetos, delírios, loucuras.
Na loucura cortei a cabeça:
Sepultei letra por letra.

Palavras.
Naufragas sem desespero.
Boiavam em silêncio, a deriva,
num vasto oceano de lágrimas.
Flutuavam apáticas
ao relento das horas,
dos dias e das noites.
Lentamente foram submergindo...
Aos poucos, a seco, em cansaço.
Secaram-se nos olhos que
nada mais diziam:
As palavras morreram no olhar.

Sérgio Fonseca

quarta-feira, 10 de abril de 2013

ARTIFÍCIOS

ARTIFÍCIOS
As flores,
num vaso
de pedra
sobre a mesa,
imóveis,
inodoras,
artificiais.
 
Lindas,
falsas e
ausente
de amores...
As flores.
Tudo muito
Bonito:
Mero
artifício.
 
Lindas
flores
de dar dó.
Apenas
aparência,
artifício,
poeira
e só.
 
Sérgio Fonseca
 
 

NATUREZA DO CORAÇÃO

NATUREZA DO CORAÇÃO
 
Um meteoro cai na Rússia
 
Um Katrina, um furacão
 
Um terremoto no Haiti
 
Um tsunami no Japão
 
De repente
 
A vida faz assim
 
Todos os cataclismos juntos
 
 
Dentro do nosso coração
 
 
 
Sérgio Fonseca

terça-feira, 9 de abril de 2013

VIRANDO CAMBALHOTAS

VIRANDO CAMBALHOTAS
 
Desce daí menino!
Você vai se esborrachar...
O que você está fazendo?
Vou falar pra sua mãe.
Largue a saia da menina, assanhado.
Moleque levado!
 
Pare de fazer perguntas!
Quer saber de tudo... Pra quê?
Sossega!
Não toque o sino da capela.
Pare de apertar as campainhas.
Olhe os carros nas ruas
com esta bicicleta.
Quando seu pai chegar...
Eita menino atentado
do cabelo pixaim!
 
Moleque
que não cessa, não pára.
Moleque
que não cala, não cansa.
Moleque
que desassossega os outros
com perguntas sem respostas.
Moleque
insatisfeito que vive provocando a vida.
 
Moleque atentado!
Agora mesmo ele está aqui:
Virando cambalhotas dentro de mim.
 
Sérgio Fonseca