POEMA PARA CARMEM
Quem
me abre as portas da Casa,
nas
manhãs de poesia,
e
com um sorriso no rosto
me
oferece um café?
Quem
é esta mulher?
Carmem,
Carmem, Carmem.
Carmem
é feita de café:
Dos
melhores grãos, tipo exportação.
Carmem
põe a mesa como ninguém:
Café,
leite, chá, bolo, pão,
bolachas,
bolachas, bolachas, bolachas...
Eu
digo: Basta, Carmem! Basta!
Não
maltrate este pobre coração.
Enquanto
a poesia toma conta da sala
na
cozinha Carmem se disfarça de feijão.
Mulher
feiticeira, senhora das alquimias,
domina
a ciência dos temperos com maestria.
Refoga
o alho e doura a cebola
no
azeite fervente do seu caldeirão:
E
que caldeirão...
Mexe,
remexe, mexe, remexe, mexe
Eu
digo: Pára, Carmem! Pára!
Assim
não!
Carmem
é feita de pimenta!
Pimenta
de cheiro, pimenta de chão.
Malagueta
em forma de gente.
Mulher
que arde na boca,
arde
na língua, arde nos olhos:
Faz
o sujeito chorar de tanto prazer.
Pimenta
arretada, danada de boa...
Seduz
com um sabor diferente.
E
eu digo: Basta, Carmem! Basta!
Não
maltrate este pobre coração carente.
Algumas
delícias são de comer rezando;
outras
delícias são de comer chorando;
outras
tantas são de comer sorrindo.
E
Carmem conhece todas as delícias:
Possui
a receita de cada uma delas.
Já
que é assim, Carmem...
Que
me faças rezar,
que
me faças chorar,
que
me faças sorrir!
E
se preciso ainda for,
que
me faças implorar assim:
Carmem,
Carmem...
Prepare
um banquete só pra mim!
Sérgio Fonseca
Carmem é a cozinheira da Casa Poema. Querida por todos que frequentam a Casa, Carmem recebe a todos com muito carinho e simpatia. E como se não bastasse é uma excelente cozinheira. Presto à Carmem a minha homenagem!