QUE VONTADE DE MATAR O INFELIZ
Entramos
no site a meia noite. “Sinistro”, diria o meu filho Filipe. Digita daqui,
digita dali e nada de ingresso para pista Premium. Letícia, minha filha que
fará 14 anos, e que se acha a fã número 1 (como milhares de adolescentes), entra
no Twitter e confirma que duas de suas amigas já haviam conseguido comprar os
ingressos. Por volta de uma e meia da madrugada minha filha entra em desespero.
Os ingressos haviam se esgotado no site. Lágrimas, mais lágrimas, um abraço e
minhas palavras de consolo: “Filha, vamos dormir que amanhã eu vou ao Rio Sul e
tento comprar o ingresso no posto de venda.”
Acordei
hoje as seis da manhã. Tomei um banho, entrei no carro e atravessei a ponte. Cheguei
cedo, mas encarei uma fila que eu vou te contar... Era um bando de adolescentes
desesperadas, eufóricas, esperançosas, enlouquecidas, banhadas em lágrimas,
frenéticas, excitadas e com o repertório do infeliz na ponta da língua e dentro
dos meus ouvidos. Eu que já não aguentava mais, só pensava numa estratégia terrorista,
para dar cabo daquele meliante disfarçado de cantor pop. Fui tomado por um
espírito meio talibã, meio homem bomba. Só não ia dar mole de revelar minha
estratégia ali na fila.
Quando
os guardas liberaram o caminho, parecia a largada da São Silvestre, na
velocidade 5. Foi então que eu pude perceber que teria que encarar a escadaria
da Igreja da Penha sem ter feito promessa alguma. Subi três lances de escadas,
que pareciam não ter fim, num pique impressionante! Eu me senti o próprio Rocky
Balboa, do Stallone. Agradeci muito a Deus, ao meu cardiologista e a Arthur,
meu personal, pelas atividades físicas e os circuitos realizados. Pai e mãe sem
aptidão física não consegue comprar um ingresso hoje em dia não, minha gente.
Para
que vocês tenham noção, eu vi uma vovozinha de cabelos brancos ser atropelada a
galopes por potrancas de treze, catorze e quinze anos e eu não pude fazer nada,
porque corria o risco de ser atropelado também. A mãe de uma menina reclamava,
com um olho roxo, que os seus óculos, novinhos, haviam quebrado com um tapa que
ela ganhou no meio daquele furdunço. Era olho por olho, dente por dente, cada
um por si e tudo por um ingresso!
O
que um pai não faz para ver a alegria estampada no rosto de uma filha querida? Eu
consegui ser um entre os dez primeiros colocados. O negócio parecia até
classificação de concurso público. Ao chegar no caixa tomei uma facada em dois
atos: “Por gentileza, uma meia e uma inteira.” Quando a moça do caixa me disse
o valor... Estrebuchei, agonizei, mas não morri... Só de raiva! Diante da minha
agonia, jurei para mim mesmo: “Vou sobreviver, vou resistir, não vou me
entregar... Só pra ter o prazer de matar o Justin Bieber quando ele pisar no
Brasil em novembro”. Queridos, por favor, alguém pode me sugerir uma idéia do
que faço com este infeliz? Brincadeiras à parte, nada se compara a alegria dos
nossos filhos. Beijão deste Preto, pai e quase fã do Justin Bieber.
Sérgio Fonseca
Já passei por isso kkkkk Luan Santana putz
ResponderExcluirJá passei por isso kkkkk Luan Santana putz
ResponderExcluir