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segunda-feira, 22 de julho de 2013

QUE VONTADE DE MATAR O INFELIZ


QUE VONTADE DE MATAR O INFELIZ

Entramos no site a meia noite. “Sinistro”, diria o meu filho Filipe. Digita daqui, digita dali e nada de ingresso para pista Premium. Letícia, minha filha que fará 14 anos, e que se acha a fã número 1 (como milhares de adolescentes), entra no Twitter e confirma que duas de suas amigas já haviam conseguido comprar os ingressos. Por volta de uma e meia da madrugada minha filha entra em desespero. Os ingressos haviam se esgotado no site. Lágrimas, mais lágrimas, um abraço e minhas palavras de consolo: “Filha, vamos dormir que amanhã eu vou ao Rio Sul e tento comprar o ingresso no posto de venda.”

Acordei hoje as seis da manhã. Tomei um banho, entrei no carro e atravessei a ponte. Cheguei cedo, mas encarei uma fila que eu vou te contar... Era um bando de adolescentes desesperadas, eufóricas, esperançosas, enlouquecidas, banhadas em lágrimas, frenéticas, excitadas e com o repertório do infeliz na ponta da língua e dentro dos meus ouvidos. Eu que já não aguentava mais, só pensava numa estratégia terrorista, para dar cabo daquele meliante disfarçado de cantor pop. Fui tomado por um espírito meio talibã, meio homem bomba. Só não ia dar mole de revelar minha estratégia ali na fila.

Quando os guardas liberaram o caminho, parecia a largada da São Silvestre, na velocidade 5. Foi então que eu pude perceber que teria que encarar a escadaria da Igreja da Penha sem ter feito promessa alguma. Subi três lances de escadas, que pareciam não ter fim, num pique impressionante! Eu me senti o próprio Rocky Balboa, do Stallone. Agradeci muito a Deus, ao meu cardiologista e a Arthur, meu personal, pelas atividades físicas e os circuitos realizados. Pai e mãe sem aptidão física não consegue comprar um ingresso hoje em dia não, minha gente.

Para que vocês tenham noção, eu vi uma vovozinha de cabelos brancos ser atropelada a galopes por potrancas de treze, catorze e quinze anos e eu não pude fazer nada, porque corria o risco de ser atropelado também. A mãe de uma menina reclamava, com um olho roxo, que os seus óculos, novinhos, haviam quebrado com um tapa que ela ganhou no meio daquele furdunço. Era olho por olho, dente por dente, cada um por si e tudo por um ingresso!

O que um pai não faz para ver a alegria estampada no rosto de uma filha querida? Eu consegui ser um entre os dez primeiros colocados. O negócio parecia até classificação de concurso público. Ao chegar no caixa tomei uma facada em dois atos: “Por gentileza, uma meia e uma inteira.” Quando a moça do caixa me disse o valor... Estrebuchei, agonizei, mas não morri... Só de raiva! Diante da minha agonia, jurei para mim mesmo: “Vou sobreviver, vou resistir, não vou me entregar... Só pra ter o prazer de matar o Justin Bieber quando ele pisar no Brasil em novembro”. Queridos, por favor, alguém pode me sugerir uma idéia do que faço com este infeliz? Brincadeiras à parte, nada se compara a alegria dos nossos filhos. Beijão deste Preto, pai e quase fã do Justin Bieber.

Sérgio Fonseca

 

 

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