MAÇÃ
VERDE
Ali
estava o menino de quatro anos
debruçado
sobre o leito do avô.
O
menino, o silêncio e a vida,
de
malas prontas, querendo partir apressada.
Sem
compreender quase nada de despedidas,
o
pequeno tentava desfazer as malas a base de
água
fresca, maçãs verdes e biscoitos de maizena.
Casa
pobre, cama simples, lençol de chita e o gozo
do
conforto da presença significativa de quem se ama.
Entre
eles poucas palavras. Não havia muito mais a ser dito.
A
riqueza daquele momento estava contida
em
cada gesto, em cada afago e na ternura do olhar;
estava
na cumplicidade da troca de sorrisos entre eles.
Ninguém
compreende muito bem a vida
quer
seja aos quatro, aos quarenta ou aos cem anos.
Só
nos resta a certeza de que
a
vida é breve como o sabor das maçãs.
Após
uma maçã verde e uns biscoitos de maizena,
o
avô pediu um copo de água fresca ao menino:
Tomou
com gosto, sorriu para o neto e partiu feliz!
Sérgio
Fonseca
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