PALAVRAS
MORTAS
Palavras.
Aos
montes,montanhas,
exércitos delas
enfileiravam o horizonte
do meu coração.
Em cada uma delas
cravei um punhal de prata:
Sem clemência, sem perdão.
Palavras.
Eram
milharesenchendo-me a boca,
saltitando na língua
como em cama elástica.
Afoguei-as em saliva.
Nelas cravei os dentes:
Mastiguei, engoli,
degluti, excretei.
Palavras.
Turbilhões
delas na mente, percorrendo caminhos
insólitos, desconhecidos, complexos.
Conexões neuronais, memórias,
afetos, delírios, loucuras.
Na loucura cortei a cabeça:
Sepultei letra por letra.
Palavras.
Naufragas
sem desespero.Boiavam em silêncio, a deriva,
num vasto oceano de lágrimas.
Flutuavam apáticas
ao relento das horas,
dos dias e das noites.
Lentamente foram submergindo...
Aos poucos, a seco, em cansaço.
Secaram-se nos olhos que
nada mais diziam:
As palavras morreram no olhar.
Sérgio
Fonseca
Nenhum comentário:
Postar um comentário