BOCAS
E TETAS
Brancas
foram as bocas que
me
chamaram de preto vida afora.
Foram
tantas, tantas, tantas
que
perdi a conta.
Brancas
foram as tetas que
amamentaram
e alimentaram
a
minha boca preta e faminta.
Delas
não me esqueço.
Tanto,
que ainda hoje
quase
ouço as cantigas de Teresa,
que
me envolvia em seus braços
e
me embalava com ternura maternal.
Quase
vejo os olhos de Teresa
marejados
de alegria,
enquanto
o pretinho faminto
lhe
sugava a vida do bico do peito.
Ainda
sinto o gosto
da
gota de leite
que
me escorria morna
pelo
canto da boca.
A
gota branca deslizando suave
como
um carinho sobre a pele
da
criança preta, pretinha...
de
barriguinha e coraçãozinho cheios.
Entre
as bocas que me praguejavam
e
as santas tetas que me alimentavam,
eu
fui crescendo, crescendo e crescendo:
Preto,
forte, terno e de coração cheio.
Sérgio
Fonseca
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