DEIXA
Deixa
eu ser a sua trilha,
o
seu atalho, o seu chapéu de palha,
a
sua veste cáqui, as suas botas pretas,
o
seu facão de corte, a sua bússola,
o
seu norte por onde fores.
Deixa
eu ser o seu caminho,
o
seu pão, o seu vinho, a sua comunhão,
o seu pé de coelho, o seu amuleto da sorte,
o
motivo constante da sua oração.
Deixa
eu ser a sua estrada,
o
seu longo percurso pela madrugada,
a
razão da sua respiração ofegante,
o
seu passo a passo sem pressa,
o seu itinerário, o
seu destino inexorável.
Deixa
eu ser o seu céu,
o
seu dia de sol mais bonito,
o
seu azul infinito, a sua noite estrelada,
o
seu Cruzeiro do Sul, a sua Via Láctea,
a
sua viagem intergalática.
Deixa
eu ser o seu diário,
o
seu livro de cabeceira,
o
seu dicionário, a sua gramática,
a
sua poesia fora de métrica,
a
sua palavra mais romântica...
Deixa?
Sérgio
Fonseca
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