BODAS
DE OURO, CASAMENTOS DE LATA
Encostada no batente da porta da
cozinha, e de saco cheio da vida que levava ao lado de Pedro, um marido
intransigente, cabeça dura e egocêntrico, Maria Izabel perguntou a mãe:
- Mãe o que fazer quando um casamento acaba,
chega ao fim?
Ao que dona Santinha respondeu:
- Filha, antes que acabe de vez é melhor
investir todos os esforços possíveis para tentar resgatar a relação. Agora, quando
um casamento acaba, mas acaba mesmo... só há duas coisas a fazer: Ter coragem
de encarar uma separação e reconstruir uma vida nova, ou deixar as coisas como
estão até que a morte os separe. Estou casada com o seu pai há cinquenta anos,
já completamos bodas de ouro.
Izabel, naquele instante, num flash back, percorreu a história conjugal
nada animadora de dona Santinha e Sr. Severo, seus pais. Relembrou as argruras
que a mãe havia sofrido ao lado do pai durante a sua infância e adolescência,
em razão do amor que aquela santa mulher tinha por Izabel e Paulo, seu irmão.
Agradeceu as palavras da mãe,
enxugando-lhe com ternura as lágrimas que corriam pelas bochechas de dona
Santinha. Despediu-se da mãe com um abraço acolhedor, um longo beijo apertado
na face e um brilho de cumplicidade no olhar, que só existe numa relação entre
mãe e filha que verdadeiramente se amam. E sem que dissessem uma palavra
sequer, compartilharam sorrisos suaves de alívio e compreensão. Tudo estava
dito no olhar. Izabel entrou no seu carro e retornou à sua casa.
Ao chegar em casa agradeceu a Deus por
suas duas filhas. Abraçou Juliana e Larissa com amor e comprometimento de mãe.
E por ela e por suas duas filhas, de 5 e 7 anos de idade, resolveu tomar uma
decisão. Com a consciência tranquila que durante dez anos havia empreendido
todos os esforços possíveis para resgatar a sua relação conjugal com Pedro –
que continuava indiferente, sem demonstrar um sinal positivo de mudança,
parceria e comprometimento com o relacionamento familiar – criou coragem para dar
um basta naquela situação e disse:
- Pedro, eu não quero completar bodas de
ouro ao seu lado, desse jeito que estamos vivendo. Eu quero um relacionamento
de amor, cumplicidade, parceria... Um relacionamento de verdade!
Pedro ouviu tudo aquilo com indiferença,
desdém e sem dar ouvidos. E após dez anos de casamento veio a separação.
Dois anos após sua separação Izabel
conheceu Renato que era colega de trabalho de Paulo, seu irmão. Três anos
depois eles se casaram. Mês passado eles fizeram bodas de algodão. No entanto, com todas as dificuldades de qualquer
casamento, Izabel encontrou em Renato parceria, companheirismo e um relacionamento
de ouro.
Dona Santinha, hoje em dia, olha para a filha
cheia de orgulho e alegria, por saber que Izabel teve a coragem de reescrever a
sua história e ser feliz!
Sérgio
Fonseca
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