DIA ESTRANHO,
HITCHCOCK
Manhã fria, estranha e nebulosa.
Da janela do quinto andar, vejo apenas
as copas das árvores do Campo São Bento.
Elas me cercam juntamente com
as árvores da rua Otávio Carneiro.
As imponentes palmeiras imperiais? Foram arrancadas.
Os passarinhos? Se esconderam não sei onde.
Os prédios ao redor? Sumiram todos.
As buzinas dos automóveis? Silenciaram.
O burburinho, a falação? Nenhum tico.
As pessoas lá em baixo? Foram abdusidas.
Há um silêncio profundo no mundo.
Só consigo ouvir a voz do meu pensamento.
Há uma densa neblina por todos os lados.
As luzes do corredor se apagaram.
O elevador parou em algum andar.
Será que eu estou aqui? Estou aqui.
Aguardo o meu primeiro paciente.
Algo me diz que ele não vai chegar.
Sérgio Fonseca
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